domingo, 28 de agosto de 2011

É preciso fazer um rascunho

Conforme tenho insistido nas nossas aulas, em todo processo de construção de um texto, há uma fase de elaboração de organização das idéias chamado rascunho. Como vimos, todo bom escritor passa por isso, e dentro da produção textual  no colégio o seu uso é indispensável.
Por outro lado, fazer um rascunho e passar a limpo sem antes fazer uma leitura atenta e crítica é uma atividade inútil e muitas vezes até irritante.
O rascunho serve para que o autor do texto se comporte como um leitor crítico e faça as devidas alterações visando a melhoria da qualidade do texto.
Para que se faça um bom rascunho é necessário treino e dedicação, é preciso que este seja feito várias vezes até que se adquira o hábito. Este é o primeiro passo para a produção de um bom texto.
Vamos então aos principais passos para o seu rascunho.
  • Antes do rascunho, a primeira coisa a ser devidamente pensada e avaliada em sua mente é a proposta de redação. Você não pode ter preguiça de ler e entender a proposta, pois a produção de um bom texto pode depender exatamente disso.
  • Logo depois que a proposta for entendida, as idéias que surgirem a respeito daquele assunto devem ser anotadas em forma de lista. Nessa fase do processo você não precisa pensar na relação que uma idéia tem com a outra. Apenas anote para não esquecer aquele ponto de vista sem antes pensar sobre ele.
  • Leia as anotações.
Caso você tenha poucas anotações, você deve fazer uma relação de sentido entre elas para que você possa determinar o objetivo do seu texto. Após relacioná-las, escreva o objetivo do seu texto, baseado nas idéias que você teve.
Caso você tenha muitas anotações o seu trabalho será inverso. Determine o seu objetivo, depois exclua as idéias que não corresponderem a ele. Faça uma nova lista só com as idéias que você acha que te ajudarão a chegar ao seu objetivo.
  • Determine começo meio e fim da sua redação, agrupando as idéias onde você acha que elas melhor se encaixam.
  • Produza a primeira versão do seu texto, transformando sua “lista de idéias” em parágrafos, lembrando sempre de obedecer às regras básicas de produção textual: paragrafação, pontuação, acentuação, sintaxe, coerência, coesão, etc.
  • Leia o texto produzido e verifique se ele está obedecendo à proposta de redação e se está conduzindo ao seu objetivo, já determinado anteriormente. OBS: nesta fase, dependendo da sua leitura crítica do texto, você correrá o risco de voltar ao ponto zero e começar novamente a redação. Caso isso aconteça reescreva-a tentando corrigir as falhas que você já notou.
  • Reescreva o texto (em definitivo).
  • Releia o texto e faça as correções gramaticais ou textuais necessárias.
  • Atenção: toda e qualquer modificação no seu texto deve ser feita até este momento da produção.
  • Pronto. Pode passar seu texto a limpo com a consciência bem mais tranquila e sem voltar atrás em nada. Neste momento você já produziu o texto, seu trabalho agora é trasnformá-lo em um documento copiando tal e qual ele se encontra. (texto adaptado)

A importância do Contexto...

Para se compreender um texto, é necessário saber em qual momento ele foi produzido e que situação externa esse texto se refere direta ou indiretamente. A isso chamamos contexto. Segundo Oswald Ducrot, lingüista atuante na área da Semântica, falar sobre o sentido de um enunciado, fora das circunstâncias possíveis de suas ocorrências, ou seja, fora do contexto e da situação, equivale a abandonar o terreno da experiência e da comprovação, para construir uma hipótese carente de demonstração.
Tomando como definição de texto a de Costa Val (1999:3), para quem “texto é uma ocorrência lingüística, falada ou escrita, de qualquer extensão, dotado de unidades sócio-comunicativa semântica e formal”, vamos exemplificar, numa sentença, o que seria o contexto. Observe o seguinte enunciado:
1. “Que belo dia!”
Sem se levar em conta o contexto, não se pode explicar o sentido desta frase. Poderia se imaginar que ela poderia se referir a um dia agradável, que a rotina flui sem imprevistos, ou poderia ter sido dita por alguém que ganhou na loteria. Não se sabe a que contexto se refere, se a um dia de sol após um período chuvoso ou se é um dia de chuva após meses de sol escaldante. Como não foi apresentada a situação em que esse enunciado foi proferido, há várias possibilidades de sentido nesta frase.
Observe agora a seguinte situação: Marcos acordou atrasado para o trabalho, tomou um ônibus lotado que quebrou durante o trajeto. Ele tomou um táxi para não se atrasar tanto, mas teve de descer a três quarteirões do edifício onde trabalhava, pois, como chovia muito, uma árvore caída na pista impedia a passagem de veículos. Chegou ao trabalho atrasado em uma hora e meia. Ofegante e nervoso, ele brada:
2. “Que belo dia!”
Nessa circunstância, essa mesma ocorrência equivale a:
“Que dia horrível!”
Enquanto no primeiro enunciado existe a multiplicidade de sentido, o segundo não está passível a outras interpretações, visto que o contexto, a situação na qual o enunciado foi proferido delimita o sentido da enunciação (a frase em seu uso concreto da comunicação).
O contexto situacional é formado por informações que estão fora do texto, sejam elas históricas, geográficas, sociológicas,literárias. Ele é essencial para uma leitura  mais eficaz, aproximando o interlocutor/leitor do sentido que o locutor/escritor quis imprimir ao texto.
Fontes
COSTA VAL, Maria das Graças.
 Redação e Textualidade. 2 ed. São Paulo, Martins Fontes, 1999, p. 3.



domingo, 21 de agosto de 2011

Sobre Intertextualidade


Intertextualidade  é um recurso que pode enriquecer um texto e acontece quando há uma referência explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer referência à outra ocorre a intertextualidade.
Ela está  explícita quando o autor informa o objeto de sua citação. Num texto científico, por exemplo, o autor do texto citado é indicado, já na forma implícita, a indicação é oculta. Por isso é importante para o leitor  o conhecimento de mundo, um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as mesmas idéias da obra citada ou contestando-as. Há duas formas de intertextualidade: a Paráfrase e a paródia.
Paráfrase
Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a idéia do texto é confirmada pelo novo texto, a referência ocorre para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com outras palavras o que já foi dito. Temos um exemplo citado por Affonso Romano Sant’Anna em seu livro “Paródia, paráfrase & Cia” (p. 23):
Texto Original
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).
Paráfrase
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
Eu tão esquecido de minha terra…
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!
(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”).
Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é muito utilizado como exemplo de paráfrase e de paródia, aqui o poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o texto primitivo conservando suas idéias, não há mudança do sentido principal do texto que é a saudade da terra natal.
Paródia
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes. Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto original é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica de suas verdades. Com esse processo há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca pela verdade real,  através do raciocínio e da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo do recurso da paródia, freqüentemente os discursos de políticos são abordados de maneira cômica e contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito da demagogia praticada pela classe dominante. Com a mesma Canção do Exílio, teremos agora um exemplo de  paródia.
Texto Original
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).
Paródia
Minha terra tem palmares 
onde gorjeia o mar
os passarinhos daqui
não cantam como os de lá.
(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).
O nome Palmares, escrito com letra minúscula, substitui a palavra palmeiras, há um contexto histórico, social e racial neste texto. Palmares é o quilombo liderado por Zumbi, foi dizimado em 1695, há uma inversão do sentido do texto primitivo que foi substituído pela crítica à escravidão existente no Brasil.
Referências
SANT’ANNA, Affonso Romano de. Paródia, paráfrase & Cia, 7.ed. São Paulo: Ática, 2000.
(disponível em: www. educanet.com. Texto adaptado)

domingo, 7 de agosto de 2011

A Orquestra Filarmonia

de Santa Catarina fará um concerto no TAC no dia 12 de agosto às 21h. Com regência do maestro Gustavo Fontes e solo do pianista Paulo Álvares, os ingressos custam 20 e 10 reais. Vale conferir!

Para recomeçar afinado...

Aí estão os" 20 erros mais comuns nas redações", conforme levantamento de experientes colegas professores.
Neste recomeço de semestre, sugiro que leiam com muita atenção para evitá-los. O post é longo para matar a saudade...

1 - "Mal cheiro", "mau-humorado". Mal opõe-se a bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau humor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar.

2 - "Fazem" cinco anos. Fazer, quando exprime tempo, é impessoal: Faz cinco anos. / Fazia dois séculos. / Fez 15 dias.

3 - "Houveram" muitos acidentes. Haver, como existir, também é invariável: Houve muitos acidentes. / Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos iguais.

4 - "Existe" muitas esperanças. Existir, bastar, faltar, restar e sobrar admitem normalmente o plural: Existem muitas esperanças. / Bastariam dois dias. / Faltavam poucas peças. / Restaram alguns objetos. / Sobravam idéias.

5 - Para "mim" fazer. Mim não faz, porque não pode ser sujeito. Assim: Para eu fazer, para eu dizer, para eu trazer.

6 - Entre "eu" e você. Depois de preposição, usa-se mim ou ti: Entre mim e você. / Entre eles e ti.

7 - "Há" dez anos "atrás". Há e atrás indicam passado na frase. Use apenas há dez anos ou dez anos atrás.

8 - "Entrar dentro". O certo: entrar em. Veja outras redundâncias: Sair fora ou para fora, elo de ligação, monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar grátis, viúva do falecido.

9 - "Venda à prazo". Não existe crase antes de palavra masculina, a menos que esteja subentendida a palavra moda: Salto à (moda de) Luís XV. Nos demais casos: A salvo, a bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a caráter.

10 - "Porque" você foi? Sempre que estiver clara ou implícita a palavra razão, use por que separado: Por que (razão) você foi? / Não sei por que (razão) ele faltou. / Explique por que razão você se atrasou. Porque é usado nas respostas: Ele se atrasou porque o trânsito estava congestionado.

11 - Atraso implicará "em" punição. Implicar é direto no sentido de acarretar, pressupor: Atraso implicará punição. / Promoção implica responsabilidade.

12 - Vive "às custas" do pai. O certo: Vive à custa do pai. Use também em via de, e não "em vias de": Espécie em via de extinção. / Trabalho em via de conclusão.

13 - Todos somos "cidadões". O plural de cidadão é cidadãos. Veja outros: caracteres (de caráter), juniores, seniores, escrivães, tabeliães, gângsteres.

14 - O ingresso é "gratuíto". A pronúncia correta é gratúito, assim como circúito, intúito e fortúito (o acento não existe e só indica a letra tônica). Da mesma forma: flúido, condôr, recórde, aváro, ibéro, pólipo.

15 - A última "seção" de cinema. Seção significa divisão, repartição, e sessão equivale a tempo de uma reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de Esportes, seção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de pancadas, sessão do Congresso.

16 - Vendeu "uma" grama de ouro. Grama, peso, é palavra masculina: um grama de ouro, vitamina C de dois gramas. Femininas, por exemplo, são a agravante, a atenuante, a alface, a cal, etc.

17 - "Porisso". Duas palavras, por isso, como de repente e a partir de.

18 - Não viu "qualquer" risco. É nenhum, e não "qualquer", que se emprega depois de negativas: Não viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum reparo. / Nunca promoveu nenhuma confusão.

19 - A feira "inicia" amanhã. Alguma coisa se inicia, se inaugura: A feira inicia-se (inaugura-se) amanhã.

20 - Soube que os homens "feriram-se". O que atrai o pronome: Soube que os homens se feriram. / A festa que se realizou... O mesmo ocorre com as negativas, as conjunções subordinativas e os advérbios: Não lhe diga nada. / Nenhum dos presentes se pronunciou. / Quando se falava no assunto... / Como as pessoas lhe haviam dito... / Aqui se faz, aqui se paga. / Depois o procuro.
                                                                                                                                      ( Disponível em www.mundovestibular.com)

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Meninos e meninas, divirtam-se

Atualizando e revendo conceitos de ditados consagrados em tempos de internet:
1. A pressa é inimiga da conexão.
2. Amigos, amigos, senhas à parte.
3. A arquivo dado não se olha o formato.
4. Diga-me que chat frequentas e te direi quem és.
5. Para bom provedor, uma senha basta.
6. Não adianta chorar sobre arquivo deletado.
7. Em briga de namorados virtuais, não se mete o mouse.
8. Hacker que ladra, não morde.
9. Mais vale um arquivo no HD do que dois baixando.
10. Mouse sujo se limpa em casa.
11. Melhor prevenir do que formatar.
12. Quando um não quer, dois não teclam.
13. Quem clica seus males multiplica.
14. Quem envia o que quer, recebe o que não quer.
15. Quem não tem banda larga, caça com modem.
16. Quem semeia e-mails, colhe spams.
17. Quem tem dedo vai a roma.com.
18. Vão-se os arquivos, ficam os backups.
19. Uma impressora pergunta para a outra: essa folha é sua ou é impressão minha?
20. Na informática nada se perde, nada se cria. Tudo se copia...e depois cola!
                                                                                                                                (Fonte: Almanaque Santo Antonio 2011, Editora Vozes)