quinta-feira, 28 de abril de 2011

Entre TVs, CPUs, CDs, MSNs...

Lívia Faraco da Silva, da segunda série do ensino médio, produziu um bom texto na nossa oficina  a partir da reflexão sobre a "invasão" da tecnologia em nossas vidas e leitura do texto "Controle Remoto" da Rosana Rios. Vale a pena conferir:
        Chego em casa tarde. O estômago pede alimento e a cabeça, um travesseiro. Mas eles esperam. Dirijo minhas pernas até o escritório, a mão liga o estabilizador mais alto, o pé a CPU, para não abaixar o corpo todo. A TV da sala ligada no Disney Channel para o caçula, no volume médio para que ele entenda. O som de tiros ininterruptos vem do quarto do mais velho, seguidos de pedidos-"Don´t chill"- indica que o play station 2 de 499,90 está ativo e o CD de GTA rodando. O computador finalmente inicia. Depois de fechar todas as janelas inúteis, começo minhas operações. Ponho o fone de ouvido no volume máximo, ouvindo "Panic!At the Disco" e abro o Explorer. Não, fecho. Errei. É lento demais. O Firefox é mais rápido. Putz! o MSN entra automaticamente. Minha avó me chama e pisca a luz laranja na tela. Isso interfere na música. Respondo a minha avó com um "oi"sem graça e ela para de me chamar. Meus pais chegam e o motor 2.0 ecoa nas paredes. Tomo um susto com minha mãe na porta, fazendo um sinal com as mãos, que, não sei como, eu entendo. Com pesar, abaixo o volume. Não foi uma boa ideia. Agora posso ouvir que os tiros pararam, mas uma guitarra elétrica toca um rock inglês, mostrando que agora é a vez do Guitar Hero. Abro uma página de poesia na internet e passa o tempo. Mas a concentração não pega no tranco com a guitarra, a TV na sala, o ronco da CPU, a música no ouvido, o barulho de fora,etc. O estômago esqueceu o alimento, a cabeça nem quer mais travesseiro. Perdi o jantar. Ouço ruidos de vozes e, sem distinguir uma palavra, deduzo que estou recebendo ordens. Hora de dormir. Pego o fone de ouvido  do celular e coloco no máximo mais uma vez. Ligo a TV e ponho o temporizador. Arrumo o despertador e me preparo para deitar. Dormir? Acho que não. Só amanhã de manhã.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Apreciação literária

A partir da pergunta "Por que este livro merece ser lido?" lançada na oficina de redação com o fundamental II, ganhamos estas belas referências:
Título: Pablo Picasso, Coleção Folha Grandes Mestres da Pintura. "Merece ser lido porque é muito bom de se ler, de entender e também curtir a arte"(Matheus Fernandes, 6º ano).
"Merece ser lido, pois há muitas obras magníficas que precisam ser prestigiadas"( Eduardo, 6ºano)
Título: Nossas Palavras, Ed José Olympio, vários autores. "Achei a capa, o título e os autores muito legais e interessantes, por isso peguei-o para ler. Por exemplo, a crônica Diálogo de Todo Dia, de Carlos Drummond de Andrade: "-Alô, quem fala?
  -Ninguém. Quem fala é você que está perguntando quem fala..." p7(Eduarda de Macedo Schweitzer,7ºano)
"Merece ser lido porque é muito interessante e engraçado" (Bruna, 6ºano)
Título: A Bolsa Amarela, Lygia Bojunga ." Deve ser lido porque conta muitas coisas interessantes como a vontade que ela tinha de dar um sumiço na aula de matemática etc."(Beatriz, 6ºano)
Título: O Blog da Família, Giselda L. Nicolelis, editora Entre Linhas. "Eu acho que é uma boa opção e diverte a todos! não só eu, mas como diz no livro: mãe, pai, tio, tia, avô, avó...."o pai de todos é mais desafinado do que piano que cai ao ser carregado pela escada. Quando ele começa com mio bambino caro... até os gatos do telhado estrilam..."p22-23. (Sofia, 7ºano)
Título: História de Lenços e Ventos, peça teatral de Ila Krugli, Ed. Record. "Merece ser lido porque nele tem muitas historinhas engraçadas e malucas. Por exemplo, a história da galinha, guarda-chuva, telefonista e o papel"
(Rainier, 6ºano)
Título: O Diário (nem sempre) Secreto de Pedro de Telma G. C. Andrade.Editora Atual. "Este livro é bem legal, engraçado e também está bem para a nossa idade"(Thainá, 7ºano)
Título: Discurso de um Sonho e Outros Poemas de Luiz Rivera, Martins Fontes Editora."Porque é bom as pessoas lerem para desenvolver seu pensamento" (Joana, 6ºano)
Título: Romeu e Julieta, William Shakespeare, Ed. Scipione. "Este livro merece ser lido pela simplicidade das palavras que quando juntas trazem consigo um belo texto. Ele mistura as tristezas, mágoas com amor e aventura."(Laís, 7ºano)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Pratiquem a Generosidade

Caro(a)s educando(a)s:
 Termina quarta-feira, dia 27/04, o prazo para a entrega das doações  da campanha Páscoa Solidária no Colégio Paulo Freire. Elas serão distribuídas na Casa Lar Pai Herói .
Vale trazer parte das guloseimas que vocês ganharam na páscoa ou, ainda, biscoitos, macarrão, leite e achocolatado. Participem! Um gesto como esse faz a diferença!

sábado, 23 de abril de 2011

Evento no Instituto Cervantes

LEITURA CONTINUADA
Para comemorar o Dia do Livro e do Direito de Autor, o Instituto Cervantes de Florianópolis convida  todos os interessados para uma  Jornada de Leitura Continuada na que se pretende que os participantes leiam
QUALQUER TEXTO EM QUALQUER LÍNGUA.A jornada será realizada no dia 27 de abril de 2011, das 17.30 até às 19:30 da noite.

Cada participante deve reservar com antecedência seu horário para ler o fragmento escolhido, através dos seguintes meios:
Telefone: 3225-0224 ou pelo
Local: Instituto Cervantes de Florianópolis
Rua Esteves Junior, 280 Centro

Todos os participantes receberão um certificado e uma rosa
CONTAMOS COM SUA PRESENÇA VENHA NOS PRESTIGIAR E CONVIDE AMIGOS E CONHECIDOS


TROCA DE LIVROS


Contaremos ainda com uma mesa onde se poderão trocar livros.
Siete casas en Francia
Traga o seu e leve um diferente.
Das 16:00 até às 19:00




sexta-feira, 22 de abril de 2011

Falando nisso...

"Rephorma ortographica"
CÁSSIO SCHUBSKY

A gente passa 30 anos tentando decorar a regra de uso do hífen e, depois que consegue, pronto: muda tudo



FICO PENSANDO nos enormes benefícios que a reforma ortográfica trouxe para o povo brasileiro nesse primeiro ano de sua vigência ainda não obrigatória. Fico pensando, pensando... e não chego a conclusão nenhuma. Talvez se possa aludir ao fato de a supressão de alguns acentos implicar redução no gasto de tinta para impressão, o mesmo valendo para a retirada da letra C em muitas palavras da grafia portuguesa, como "contracto", "facto" etc. Ou quem sabe se possa festejar que leitores preguiçosos acorram às gramáticas e aos dicionários em busca das novas regras, aumentando, em decorrência disso, o conhecimento da língua portuguesa.
Dizem as bocas de Matildes que o português é uma língua viva, que se renova e se recicla. Acho que não é bem assim. Na verdade, nosso idioma é uma língua morta, que vai renascendo a cada passo. Um monte de palavras fica no limbo -abandonados vocábulos, perdidos nas páginas empoeiradas dos alfarrábios. E surgem expressões novas, que caem no gosto popular, a partir de certos círculos linguísticos, ganham a simpatia geral e morrem de cansaço, digo, de tanto uso. Depois, ressurgem de novo, para, ao cabo, voltar à tumba lexical. Enfim, para alguns, a língua é viva e renasce das cinzas. Para outros, ela é morta e renasce das cinzas. No fim das contas, tanto faz. Como tanto fez.
Vez por outra, aparece uma reforma ortográfica para agitar a vidinha monótona da língua -e infernizar a nossa. E há um ano estamos às voltas com mudanças que se anunciavam pequenas, mas são um salseiro para quem vive do ofício de escrever, revisar e editar. E os portugueses, que se têm mostrado os mais inteligentes da piada, pelo visto não estão nem "tchuns" para o acordo ortográfico, em um desprezo altivo.
A gente passa 30 anos tentando decorar regra de uso do hífen e, depois que consegue, pronto: muda tudo.
Acentuação, então, nem se fale.
Como em tudo na vida, há uma história por detrás das reformas e acordos ortográficos no Brasil. Na verdade, essa mania de mudar a língua vem de longe. Em 1907, tentou-se uma primeira alteração do português no país.
Uma reforma fonética, digamos, de iniciativa do imortal Medeiros e Albuquerque. O que ele pretendia era aproximar a língua escrita da língua falada. E propunha nova grafia para palavras, como "ezemplo" ou "marjem". Consumiram-se os acadêmicos em debates intermináveis, e a famigerada (famijerada!) reforma -benza Deus!- não "pegou". Quer dizer, mais do que nunca, a mudança ortográfica nasceu como letra morta.
Muda daqui, mexe dali, vieram outras tentativas de reforma, consolidadas em 1971. Pois bem. Sou daqueles alfabetizados em meio às mudanças ortográficas significativas do início da década de 1970. Um sufoco danado começar a ler enfrentando a ortografia antiga, que já não valia, mas continuava impressa em toda a bibliografia disponível.
Fala sério! Por que não aplicar à língua portuguesa regras imutáveis, como as da matemática, santo Deus? Imagine só se mais com mais começasse a dar menos. Ou menos com menos desse menos. Seria o fim do mundo se a ordem dos fatores alterasse o produto. Bom, melhor não dar ideia, ou logo se reúne uma assembleia num boteco aqui da Pompeia... e, não bastasse a reforma ortográfica, pinta logo uma reforma matemática.
Ou física, sei lá.
Enquanto isso, o seu corretor ortográfico vai ficar mudando ideia para "idéia" -numa nostalgia que dá dó...
E você vai continuar não sabendo direito se deve escrever Ruy Barbosa e Euclydes da Cunha, agora que Y, K e W foram reabilitados. Pois há uma regra duvidosa, que nem sei se continua em vigor, de que, morre a pessoa, e a grafia muda -cai o Y, por exemplo, que vira I.
Seria interessante fazer uma pesquisa de opinião para saber se o povo aprova a querida (ou temida) reforma. Alguém duvida do resultado? Aposto que a próxima reforma irá incorporar a linguagem da internet, que logo sai da web para dominar os livros, os contratos, as bulas de remédio e as legendas dos filmes estrangeiros. "Vc naum ker" acreditar? "Blz".
Pague pra ver. Aliás, a supressão de acentos na linguagem virtual já é, de certo modo, adequação à novíssima reforma ortográfica. E a abreviação geral das palavras, uma atitude sustentável, de economia global. Talvez um antídoto contra essa abreviação reformista internáutica seja promover uma reforma definitiva. A mãe de todas as reformas, aproveitando o que de bom há em cada uma delas, contemplando os mais antigos, os de meia-idade, a juventude e os pimpolhos. Uma "rephorma ortographica" que "vc tb" vai aprovar. Aliás, por que não fazer um referendo popular para os usuários da língua se manifestarem?!


CÁSSIO SCHUBSKY, 44, editor e historiador
Disponível em: debates@uol.com.br da Folha de São Paulo

Reforma Ortográfica

Divirtam-se!


Inspire-se nas lavadeiras


Dono de estilo contundente e direto, Graciliano Ramos é um dos mais importantes autores da literatura brasileira. Livros como "Vidas Secas", "São Bernardo", "Memórias do Cárcere" ou "Angústia", dentre outros, mostram um autor comprometido com as questões sociais, a ética e a política humanas. 
Em 1948, Graciliano, em uma entrevista a um jornal da época, descreveu seu método de trabalho. De forma concisa, objetivo e claro, estabeleceu uma belíssima metáfora sobre a arte de escrever um bom texto. Uma receita carregada de boa poesia...

"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam anil e sabão, torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota.

Somente depois de ter feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa.

A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso. A palavra foi feita para dizer".
(Disponível em: http://www.redacaocriativa.com.br)

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Feira do Livro no Colégio Paulo Freire-SJ

Seguindo com a sua tradição de incentivo à leitura, o Colégio Paulo Freire SJ está promovendo hoje e amanhã a Feira do Livro. O pátio está festivo com educandos, pais, educadores e funcionários circulando entre os estandes. Participe também!

Afinal, "este objeto que o oriente antigo conservava sob a forma de placas de argila; que os gregos e romanos desenrolavam sob os seus olhos; que a idade média acorrentava às estantes; que os nossos antepassados pegavam nas mãos e que agora podemos carregar no bolso -o livro- acompanha a própria história da humanidade e contribui decisivamente para a evolução, porque nele o homem aprende a conhecer melhor o mundo e os outros homens" (in: História do Livro, Albert Labarre, ed Cultrix).
 Em tempos de ipad, onde se pode carregar em pouco espaço vários mil títulos, dia 23 de abril é o Dia Mundial do Livro, aquele de papel.
 Assista abaixo, se inspire e escolha um bom título pra comemorar:

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Como começar

Quando vamos escrever um texto e não estamos acostumados a redigir, o melhor é preparar um esquema, pois isso pode facilitar todo o processo.
Portanto, antes de começar a produzir, analise alguns pontos para que nem você nem o leitor fiquem confusos.
Observe o tema proposto: o que você sabe sobre esse assunto? O que você leu a respeito? Coloque  no papel. De acordo com o seu conhecimento, você é contra ou a favor do tema sugerido?  É quase certo que você tenha ao menos uma noção acerca de qualquer tema que  lhe seja apresentado.

 Após escolher seu ponto de vista, determine o objetivo do seu texto: esclarecer, impactar, alertar...
Em seguida, estabeleça a ideia que virá no primeiro parágrafo. Então, a partir da pergunta por quê?, você pode selecionar argumentos que irão sustentar o seu texto. Este contexto deve apresentar fatos, causas e consequências que permeiam o assunto em questão.

Por fim, não esqueça de concluir! A conclusão deve retomar o ponto de vista e apresentar uma solução ou uma sugestão a respeito do problema apresentado.
Veja um exemplo (proposto por professores do brasilescola.com e adaptado por mim):
Tema: Meio ambiente
O que sei sobre isso: Aprendi o que é efeito estufa e li uma reportagem sobre as sequelas ocasionadas pelo aumento de temperatura.
Ponto de vista: sou contra o efeito estufa porque ameaça o meio ambiente.
Por que ameaça o meio ambiente?1. pela alta emissão de gases poluentes,2. pelo  desmatamento, 3.pelas migrações. A partir daí você pode desenvolver cada questão dessas em um parágrafo, como vimos em aula.
Conclusão: apontar possíveis soluções para amenizar o problema.
E, quando você se der conta, seu texto estará pronto! Simples assim.

Agenda cultural

Alguns programas culturais que valem a pena conferir nesta semana de abril:
Dia 15, sexta-feira, 21 horas, Teatro Álvaro de Carvalho:
A Orquestra Filarmonia Santa Catarina, sob a regência de Gustavo Fontes, apresenta "Música Brasileira e Catarinense". No programa Obras de Heitor Villa-Lobos e dos catarinenses Edino Krieger e Gustavo Fontes
(Ingressos a 10 inteira e 5 reais meia)

Dia 16 de abril, sábado, 21 horas,  Teatro Pedro Ivo:
A Camerata Florianópolis, sob a regência de Jefferson Della Rocca, apresenta a opereta "La Serva Padrona" de Giovanni Pergolesi e "Cantata do Café" de Johann Sebastian Bach. (Informações sobre ingressos no 32332324)

Dia 17 de abril, 16 horas no Centro Multiuso em São José:
A Cia de Teatro Vanguarda dá continuidade ao projeto Literatura Viva, que tem por objetivo levar a literatura aos palcos catarinenses e apresenta "Memórias de um Sargento de Milicias", obra consagrada de Manoel Antonio de Almeida. (Ingressos nas Livrarias Catarinense). Um meio eficiente para apreciar literatura, neste caso o teatro também dá uma força na hora do vestibular...

domingo, 3 de abril de 2011

Falando em vírgula,


Aula passada, no ensino médio,  relembramos os casos em que se usa a vírgula.  Temos aqui um texto sobre o tema para ilustrar (O autor é José Cândido de Carvalho, que escreveu o ótimo "O Coronel e o Lobisomen", entre outros.) Confira:
A vírgula não foi feita para humilhar ninguém
Era Borjalino Ferraz e perdeu o primeiro emprego na Prefeitura de Macajuba por coisas de pontuação. Certa vez, o diretor do Serviço de Obras chamou o amanuense para uma conversa de fim de expediente. E aconselhativo:
— Seu Borjalino, tenha cuidado com as vírgulas. Desse jeito, o amigo acaba com o estoque e a comarca não tem dinheiro para comprar vírgulas novas.
Fez outros ofícios, semeou vírgulas empenadas por todos os lados e foi despedido. Como era sujeito de brio, tomou aulas de gramática, de modo a colocar as vírgulas em seus devidos lugares. Estudou e progrediu. Mais do que isso, saiu das páginas da gramática escrevendo bonito, com rendilhados no estilo. Cravava vírgulas e crases como ourives crava as pedras. O que fazia o coletor federal Zozó Laranjeira apurar os óculos e dizer com orgulho:
— Não tem como o Borjalino para uma vírgula e mesmo para uma crase. Nem o presidente da República!
E assim, um porco-espinho de vírgulas e crases, Borjalino foi trabalhar, como escriturário, na Divisão de Rendas de São Miguel do Cupim. Ficou logo encarregado dos ofícios, não só por ter prática de escrever como pela fama de virgulista. Mas, com dois meses de caneta, era despedido. O encarregado das Rendas, funcionário sem vírgulas e sem crases, foi franco:
— Seu Borjalino, sua competência é demais para repartição tão miúda. O amigo é um homem de instrução. É um dicionário. Quando o contribuinte recebe um ofício de sua lavra cuida que é ordem de prisão. O coronel Balduíno dos Santos quase teve um sopro no coração ao ler uma peça saída de sua caneta. Pensou que fosse ofensa, pelo que passou um telegrama desaforado ao Senhor Governador do Estado. Veja bem! O Senhor Governador.
E por colocar bem as vírgulas e citar Nabucodonosor em ofício de pequena corretagem, o esplêndido Borjalino foi colocado à disposição do olho da rua. Com uma citação no Diário Oficial e duas gramáticas debaixo do braço.
José Cândido de Carvalho.
fonte: Gramática Contemporânea da  Língua Portuguesa, José de Nicola e Ulisses Infante, Scipione (p.339 -340).
E como a vírgula é mesmo um tema legal, nos 100 anos da ABI (Associação Brasileira de Imprensa) foi feita essa campanha: