Lívia Faraco da Silva, da segunda série do ensino médio, produziu um bom texto na nossa oficina a partir da reflexão sobre a "invasão" da tecnologia em nossas vidas e leitura do texto "Controle Remoto" da Rosana Rios. Vale a pena conferir:
Chego em casa tarde. O estômago pede alimento e a cabeça, um travesseiro. Mas eles esperam. Dirijo minhas pernas até o escritório, a mão liga o estabilizador mais alto, o pé a CPU, para não abaixar o corpo todo. A TV da sala ligada no Disney Channel para o caçula, no volume médio para que ele entenda. O som de tiros ininterruptos vem do quarto do mais velho, seguidos de pedidos-"Don´t chill"- indica que o play station 2 de 499,90 está ativo e o CD de GTA rodando. O computador finalmente inicia. Depois de fechar todas as janelas inúteis, começo minhas operações. Ponho o fone de ouvido no volume máximo, ouvindo "Panic!At the Disco" e abro o Explorer. Não, fecho. Errei. É lento demais. O Firefox é mais rápido. Putz! o MSN entra automaticamente. Minha avó me chama e pisca a luz laranja na tela. Isso interfere na música. Respondo a minha avó com um "oi"sem graça e ela para de me chamar. Meus pais chegam e o motor 2.0 ecoa nas paredes. Tomo um susto com minha mãe na porta, fazendo um sinal com as mãos, que, não sei como, eu entendo. Com pesar, abaixo o volume. Não foi uma boa ideia. Agora posso ouvir que os tiros pararam, mas uma guitarra elétrica toca um rock inglês, mostrando que agora é a vez do Guitar Hero. Abro uma página de poesia na internet e passa o tempo. Mas a concentração não pega no tranco com a guitarra, a TV na sala, o ronco da CPU, a música no ouvido, o barulho de fora,etc. O estômago esqueceu o alimento, a cabeça nem quer mais travesseiro. Perdi o jantar. Ouço ruidos de vozes e, sem distinguir uma palavra, deduzo que estou recebendo ordens. Hora de dormir. Pego o fone de ouvido do celular e coloco no máximo mais uma vez. Ligo a TV e ponho o temporizador. Arrumo o despertador e me preparo para deitar. Dormir? Acho que não. Só amanhã de manhã.
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